RETRATOS DE MENINAS QUE JOGARAM
M.E. B, nascida em 1939 obteve fama internacional para o tênis brasileiro Vencedora de sete torneios de Forest Hills, sete vezes campeã em Wimbledon, mais de 570 títulos conquistados, começou a jogar aos 6 anos de idade. Com essas respeitáveis credenciais, a tenista M.E.B - ainda é um dos nomes mais conhecidos do tênis mundialmente.
H. de F. M. (Potirendaba, nascida em 23 de setembro de 1959) jogadora de basquetebol brasileira. Considerada uma das maiores atletas femininas de seu esporte, entrou para o Hall da Fama do Basquetebol Feminino, dos Estados Unidos em 2002, e o Basketball Hall of Fame em , maior pontuadora da história da seleção, com 3.160 pontos, marcados em 127 partidas oficiais, média de 24,9 pontos/partida. Já disputou cinco mundiais e duas Olimpíadas.Em 2009, foi empossada diretora da Seleção Brasileira de Basquete Feminino.
A.P. nascida em 13 de fevereiro de 1972, hoje com 45 anos de idade.Na infância, A. P. praticava balé e atletismo. Iniciou no voleibol de quadra jogando no time do colégio, e dali foi levada para o Lavras Tênis Clube. Devido ao bom desempenho no clube, foi para Belo Horizonte, onde defendeu o Mackenzie e o Minas Tênis Clube.Em 1989 foi chamada para a seleção juvenil que venceu o Sul-Americano e, mais tarde, foi bicampeã mundial. Conquistou rapidamente um lugar na seleção brasileira adulta, sendo convocada pela primeira vez em 1991. Hoje dedica-se ao vôlei de praia.
M.A.S. nascida em fevereiro de 1992, solteira, diarista, 5 filhos . Três filhos matriculados em creche pública e dois ficam com as vizinhas que se revezam para trabalhar também. Sonho: voltar a estudar e encontrar um companheiro que a ajude criar os filhos. Estudou até os 13 anos quando engravidou pela primeira vez, quase morrera no parto, foi abandonada pelos pais e pelo pai do primeiro filho . Teve outras relações na tentativa de encontrar a “felicidade”, teve mais dois filhos de outras duas pessoas.
T.N.B. nascida em julho 80. Nunca trabalhou, foi abandonada pelo pai do último dos 4 filhos há um ano, vive de bolsas do governo sem ajuda dos pais de seus filhos, está à procura de faxina para trabalhar. Estudou até o sétimo ano do ensino fundamental. Nunca fez educação física , tinha vergonha do próprio corpo, motivo de bulling na escola que a fez abandonar os estudos, aos 15 anos engravidou do filho mais velho.
N.S.L. nascida em maio de 1998. Mãe de dois filhos. Nunca gostou de esportes, sempre achou que esporte era coisa para meninos. Indagada sobre os esportes que tinha em sua escola, ela responde prontamente: "futebol"; seu sonho na infância: "ser modelo" seu hobby: "dançar funk". Sua perspectiva para o futuro: "casar". Vive de doações de parentes.
Acreditamos que essa situação possa ser revertida com uma política pública que alie assistência social, saúde, educação e esporte. Para mim, é um problema ter uma sociedade em que uma parcela da população não vê a educação como projeto de vida, que não tem perspectivas tão pouco oportunidades para além de casar e ter filhos.
Todas essas mulheres têm algo em comum: São mulheres brasileiras e, segundo pesquisa recente, o Brasil é o terceiro pior país da América do Sul em termos de oportunidades para o desenvolvimento das meninas, de acordo com um relatório divulgado pela ONG Save the Children, baseada nos EUA. Entre 144 nações avaliadas, o Brasil ocupa a 102ª posição do Índice de oportunidades para garotas em todo o continente americano, o país fica a frente apenas da Guatemala e Honduras no ranking que considera dados sobre: casamento infantil, gravidez na adolescência, mortalidade materna, representação das mulheres no Parlamento e conclusão do estudo secundário.
Existem no país 877 mil mulheres, com idades entre 20 e 24 anos, que se casaram antes dos 15 anos de idade, colocando o país como o quarto do mundo em números absolutos. No total, cerca de 3 milhões de mulheres, entre 20 e 24 anos, relataram ter casado antes dos 18 anos. Na América Latina, apenas República Dominicana e Nicarágua possuem taxas superiores. Acabar com o casamento infantil até 2030 está entre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, acordados pelas Nações Unidas. Porém, diz a ONG, se a tendência continuar, o número de casamentos infantis vai crescer dos atuais 700 milhões no mundo para 950 milhões até 2030 e 1,2 bilhão em 2050.
Todas essas mulheres, um dia meninas, jogaram... algumas tênis, basquete, vôlei, outras jogaram sonhos, oportunidades, estudos... estas últimas perderam. Perderam empoderamento, hoje incentivado somente aos meninos... que jogam, praticam esportes, são motivados, enaltecidos quando engravidam uma menina e apoiados pelas próprias mães a seguirem a vida nos estudos deixando de lado as meninas, sacrificadas por uma sociedade patriarcal e machista.
Agora cabe-nos a reflexão: que sociedade queremos formar? quais as atitudes que tomaremos para termos uma sociedade igualitária que garanta a equidade de gêneros? Ou o dom se desenvolve ou lhes DÃO oportunidades no mínimo iguais.
QUAIS BIOGRAFIAS QUEREMOS ESCREVER PARA O FUTURO DE NOSSA NAÇÃO?
LUCIMARA LORO, PEDAGOGA - FORMADA PELA PUC-SP, ESPECIALISTA EM GESTÃO, PSICOPEDAGOGIA , EDUCAÇÃO INCLUSIVA E DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR
Rerências :
http://exame.abril.com.br/brasil/brasil-e-o-pior-pais-da-america-do-sul-para-ser-menina/
LUCIMARA LORO, PEDAGOGA - FORMADA PELA PUC-SP, ESPECIALISTA EM GESTÃO, PSICOPEDAGOGIA , EDUCAÇÃO INCLUSIVA E DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR
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