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Em tempos de prisão domiciliar, brincar na escola é termo de liberdade "incondicional"

Muitos pesquisadores se dedicam à ciência do brincar ! Parece brincadeira né ??!!! Na verdade brincadeira de gente grande! Trabalhadores felizes são àqueles que fazem o que amam fazer e estes, certamente tiveram uma infância cheia de brincadeiras! Afinal a brincadeira é preparativo para os papéis que serão desempenhados na vida adulta. As pesquisas apontam que a brincadeira propicia vantagens às crianças que vão do desenvolvimento neurológico, ampliado à habilidade de encontrar soluções criativas para problemas e adaptar-se a diferentes cenários e pessoas. Aponta ainda que os cientistas mais vezes indicados ao prêmio Nobel, os empreendedores mais inovadores, as crianças mais bem adaptadas a qualquer ambiente e as famílias mais felizes têm algo em comum: o entusiasmo pelo ato de brincar ao longo da vida. Brincar é tão fundamental quanto dormir e sonhar.

Reforçando as teorias a cerca do brincar, pesquisadores comprovam que os animais também brincam, porém brincar pode parecer luxo – animais preocupados com a redução das suas fontes de água e comida ou humanos em altas doses de stress e insegurança, reduzem seu tempo de brincadeira mas "sobrevivem" , porém garantem que é uma necessidade, baseados no fato de caso não fôsse uma necessidade real , essa habilidade já teria sido esquecida – afinal, na natureza selvagem, 'desperdiçar' tempo e ficar distraído gastando calorias preciosas pode ser um erro fatal, mas mesmo assim os animais continuam brincando. Estudos da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, demonstraram que passar 15 minutos brincando com os filhos diminui substancialmente problemas de comportamento das crianças, tão reclamados por pais e educadores . Isso bate de frente com um dos fenômenos estudados por este Instituto: o crescente número de escolas que adotam currículos exaustivos para as crianças, deixando pouquíssimo tempo para jogos criativos, livres , com ou sem regras . Este não é um fenômeno que se restringe aos Estados Unidos, no Brasil há pesquisadores como Kishimoto (2001) que já fazem referências a importância do brincar nas instituições escolares. Apontam o brincar e a própria infância assumindo novos contornos, assim como a necessidade das escolas se adaptarem a essas mudanças. A saida das mães para o mercado de trabalho fez com que as crianças passem o dia nas escolas e creches desde muito novas. Há que se tomar um cuidado especial na escolarização precoce, transformando a criança em pequenos aprendizes , em nome do futuro, desrespeitando um direito da criança referente ao brincar, uma vez que a infância é um tempo da vida e não uma fase preparatória; as crianças têm suas próprias culturas e têm direito de vivenciar cada fase da vida! Brincar é mais que uma maneira de distriar as crianças mais inquietas ou de fazer os mais gordinhos queimarem calorias: é uma parte central do crescimento e desenvolvimento neurológico para que as crianças construam cérebros mais complexos, sensíveis, socialmente hábeis e cognitivamente flexíveis. Eu sou do tempo que as crianças brincavam nas ruas, e hoje me preocupo com o fato de que, mesmo quando as crianças brincam, estas brincadeiras estão longe das ruas e até do quintal de casa , muito menos das escolas. Como a criança vai desenvolver confiança no outro, empatia e habilidade sociais se suas brincadeiras se limitam ao jogos online? Particularmente reconheço o valor lúdico dos videogames e outros jogos online, mas o desenvolvimento interpessoal é mais bem trabalhado com brincadeiras que utilizam os cinco sentidos, no mundo 'real', e isso não tem nada a ver com minha nostalgia, garantem as pesquisas! Acredito que hoje, em tempos de insegurança nas ruas e escolarização de crianças desde praticamente o nascimento, garantir o direito às brincadeiras, às atividades físicas e aos jogos nas escolas, é termo de " liberdade incondicional"!

Profa.

Lucimara Loro Scudeler

Psicopedagoga

PUCSP

Referências :

www.revistacrescer.globo.com/Brincar-e-preciso/noticia/2016/04/criancas-nao-tem-tempo-suficiente-para-brincar

http://ceesd.org.br/criancas-nao-tem-tempo-suficiente-para-brincar/

https://www.google.com.br/amp/www.uai.com.br/app/noticia/saude/

KISHIMOTO, T.M. Salas de aulas nas escolas infantis e o uso de brinquedos e materiais pedagógicos. Trabalho apresentado na 23ª reunião da ANPEd, Caxambu, 2000.

Disponível em<http/www.anped.org.br/reuniões/23/textos/0722t.PDF>

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